sexta-feira, 11 de junho de 2010

Reportagem recorrente a todos nós




Esta é uma reportagem sobre o Serviço Único de Saúde, e foi feita em exercício pela faculdade. Ao observar os contextos, pude perceber o quão este "direito" de qualquer cidadão é escasso em todos os âmbitos.





Saturação Unilateral da Saúde


Por Vinicius Gonçalves



O serviço público brasileiro passa por realidades antagônicas no Brasil. O Serviço Único de Saúde fora criado em 1988 pela Constituição, como forma de padronizar a eficácia do sistema de saúde. Em meio a elogios e críticas, houve melhorias notórias, tomando-se a mão o número de mortalidade infantil que se deu após a implantação do programa, que caiu quase 60% (de 47,1, para 19,3 mortes até um ano de idade, por mil nascidos vivos. A chamada 'classe média' representa hoje 53,6% da população, em números estas pessoas chegam a 31,2 milhões de brasileiros, segundo cálculo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O poder político e de consumo dessas pessoas, lhe permitem que estas peguem pelo serviço privado de saúde. Entretanto o poder público não poderia usar tal argumento para anestesiar as pessoas que são dependentes de seus serviços no âmbito de saúde. Estima-se que um quarto da população é dependente do sistema para tratamentos e consultas.


Bebês, idosos e gestantes se dividem na difícil espera pelo doutor. Após a consulta, outra grande dificuldade: os remédios necessários para o tratamento. "Neste sentido o plano de saúde sempre é um bom investimento, pois parece que a cada gestão de governo o serviço esta cada vez mais triste.", argumenta Mario Pereira dos Santos, 58 anos, aposentado, sobre os abismos que separam o público e o privado no que se refere a saúde.


Ao se fazer o itinerário entre postos vizinhos, o diagnóstico não é diferente entre os espaços. A impaciência se mistura a dor no difícil processo da espera pela consulta. Bebês choram, as mães tentam afagar com mamadeiras, lenços e biscoitos, mas em vão. O espaço não é confortável, pois o calor é grande, a sala de espera é pequena, e essas circunstâncias não se encontram. Ao parâmetro comparativo entre municípios da grande São Paulo, a capital ainda é referência neste quesito para quem já foi contemplado pelas duas plataformas de serviço público: "O serviço de São Paulo ainda é muito melhor que o daqui. Por exemplo, o posto do bairro que é vizinho não atende às pessoas que moram aqui no meu. É um critério estranho...", explica o aposentado Mario, que reside na estância turística de Embú das Artes - Jardim Santo Eduardo.



Aos olhos de quem acompanha esta realidade de perto o sistema tem atingido melhorias ao desdobrar de cada gestão: "O plano é bom, pode melhorar muito mais e trazer maiores benefícios a população, mas isso requer um investimento maior da parte do governo devido ao número grande de pessoas inseridas ao plano..." argumenta o técnico em farmácia Neilton Mateus de Souza, 23 anos e que trabalha no Programa Saúde da Família (PSF) na Unidade Básica de Saúde Santa Inês, zona leste de São Paulo. Sobre o caminho de privatizações que o país sofreu em seu campo de serviços como um todo, o técnico defende que o setor público tome a frente desta premissa: "Privatização não seria o caminho, mas sim maiores parcerias com outras instituições de saúde em todo o Brasil, coisa que tem acontecido em São Paulo, talvez este seria o caminho para uma administração e melhorias ao serviço público de saúde nacional.", enfatiza.


Algumas estatísticas podem referenciadas para se ter parâmetro sobre o investimento do país com a saúde. A despesa nacional oscila em torno de R$ 250 bilhões, dos quais 60% são bancados pelo setor privado (empresas e agregados). A quantia que sobra (menos de 100 bilhões) são retornados ao setor público). Dadas as situações, é possível refletir sobre um aumento significativo de investimentos nesta prestação de serviço. Deficiência semelhante se encontra a frente da educação, em que se destina somente 13% das verbas estatais.


Não faltarão argumentações de todas as vertentes da sociedade, classes A, B, C ou D para para concretizar analogias e reflexões sobre a política pública de saúde no Brasil. A metodologia de troca argumento entre população-governo têm de ser posta à prova em todas as ações do poder público, afinal saúde de qualidade é um uma dos princípios básicos dos 7 direitos básicos de qualquer ser humano. No entanto é preciso (re)discutir novas formas de diálogo numa sociedade de pessoas que acabam por "dividir o mesmo espaço, mas não o mesmo tempo."

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